Sindicato é contra o retorno das aulas presenciais

O ato em defesa a vida “Não é hora de voltar às aulas presenciais, queremos segurança”, aconteceu nesta tarde (05) às 15 horas, na rampa da prefeitura de Piracicaba. Promovido pelo Sindicato dos Municipais de Piracicaba e Região defendendo a mesma causa que a APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), e contando com o apoio do Instituto Conespi (Conselho de Entidades Sindicais de Piracicaba), o ato teve o objetivo de sensibilizar as autoridades e a população, que a vida das crianças não pode ser colocada em risco neste momento da pandemia, onde Piracicaba contabiliza mais de 480 mortes e mais de 32.000 casos positivados pela Covid-19.

As atividades presenciais dos professores nas escolas retomaram no dia 12 de janeiro e desde o dia 1º de fevereiro as aulas nas escolas municipais retornaram de forma híbrida. A partir do dia 08, as crianças voltam as aulas presencialmente com até 35% dos alunos em sala de aula, porcentagem que pode alterar de acordo com a fase que a cidade estiver no Plano São Paulo.

A preocupação da diretoria dos Municipais engloba muitos fatores, dentre eles: protocolos de segurança tanto para os profissionais quanto para as crianças, EPI’S adequados e que supram a necessidades das 47 escolas de ensino fundamental e 93 de educação infantil. Tendo em vista que, em Piracicaba, 197 professores municipais foram positivados na testagem feita pela Secretaria Municipal de Educação, sem retornarem para sala de aula nesse momento.

A dirigente Samantha Maniero salientou que no ano passado foi construído os protocolos de volta as aulas. Com as mudanças dos protocolos, que não passaram para aprovação das subcomissões que o elaboraram, com a participação de supervisores, diretores, professores, representantes da Merenda Escolar, Saúde do Escolar, do Sindicato e do Conselho Municipal de Educação.

 “Este protocolo, não está sendo usado e não será aplicado. Ele foi invalidado e distorcido para que essa volta ocorra de qualquer forma. Qual a justificativa? a economia? Se for pensar na saúde das crianças não é o momento de voltar, pois tem criança que precisa da alimentação da escola, mesmo que volte uma ou duas vezes, não vai suprir as necessidades da criança. Essas justificativas não são verdadeiras. Não vão ajudar de verdade. Não é o momento adequado para voltar”, e completou: “tem escolas sem água, com pouca ou nenhuma ventilação, com salas sem ventilador, refeitórios fechados e abafados. Que qualidade de atendimentos vamos oferecer as crianças nesta situação? Não estamos recusando a voltar a trabalhar até porque voltamos no dia 12 de janeiro e, desde então, temos colegas afastados com sintomas e a escola continua trabalhando”, desabafou.

A vereadora Rai de Almeida, presente no ato, defendeu que não se trata de um problema que envolve só a educação, mas sim de saúde pública e que envolve a secretaria de saúde. “Estamos vivendo um momento grave de saúde no mundo. Piracicaba se encontra num momento de pico da crise sanitária. Não é o momento adequado, é momento de segurança, isolamento, preservar nossas vidas, de acordo que estamos sabendo, as escolas municipais, e as estaduais, não tem a mínima condição de receber os alunos. Precisamos unir forças, nos dar as mãos neste momento, para preservarmos as nossas vidas, que está acima do poder econômico”

 A professora e presidenta da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Maria Izabel Azevedo Noronha, Professora Bebel, também defendeu que não há condições de aulas presenciais neste momento e mencionou que durante o período da manhã foi realizado assembleia em todo Estado de São Paulo, e com mais de 90% foi aprovado a greve a partir de 08 de fevereiro. “Entendemos que a nossa vida vale mais do que qualquer outra coisa, nós não podemos brincar, o quadro que se coloca no Estado de São Paulo, e no Brasil, não é qualquer quadro, é perda de controle da pandemia”, disse.

De acordo com o diretor administrativo, Osmir Bertazzoni, o Sindicato dos Municipais tem entrado em todas as ações propostas pela Apeoesp, seja como amicus curiae ou como intervenção de terceiros. “A nossa preocupação é a vida não somente a vida dos professores e demais funcionários das escolas, os alunos, os pais de alunos, os avós, de toda a população, das aglomerações que vão surgir, do transporte coletivo, de uma forma ou de outra, não estamos preparados para o retorno as aulas presenciais nesse momento. E nesta luta que estamos engajados, é uma luta única”, disse.

No final do ato, as lideranças se reuniram e soltaram balões pretos em memória das vidas perdidas para COVID-19.

Para o vice presidente do Sindicato, Alexandre Pereira, os professores continuam exercendo suas funções, trabalhando presencialmente desde o dia 12 de janeiro. “Metade dos nossos professores estão na sala de aula neste momento, fazendo o trabalho e não podemos ser cobrados que não estão atuando. Estão sim. O que temos que cobrar é a paciência, pois no momento o Estado mostra o número de casos de COVID aumentando e ainda não conseguiu vacinar toda a população. Não podemos ter aula presencial, mas as aulas estão sendo feitas pelos professores que estão trabalhando incansavelmente e de acordo com que está sendo oferecido pelo estado e município”.

 

Audiência

Após o ato foi conversado com o secretário de governo, Carlos Alberto Lordello Beltrame, que afirmou que diversas reuniões tem sido realizadas para suprir as necessidades de todos, e que uma manifestação como esta, de forma correta e civilizada, é sempre bem vinda e que a prefeitura irá fazer o melhor para todas as categorias.

 O Sindicato dos Municipais encaminhou um ofício ao prefeito solicitando um posicionamento das autoridades quanto ao adiamento do retorno das aulas.



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