- Jornalista:
- Credito Foto: Divulgação
- Data: 22-04-2022
Conformação e confirmação
Falas ofensivas e preconceituosas direcionadas por polÃticos à s classes trabalhadoras deixaram de fazer parte do métier dos elegÃveis, pelo menos não sendo verbalizadas em público por aqueles que dominam a âarte da hipocrisiaâ, conforme cita CecÃlio Elias Netto em seu artigo para o Jornal A Tribuna, datado do dia 19 de abril.
Entretanto, para contrariar todas as expectativas da decência e ética, as alocuções de nosso prefeito ao comentar sobre a greve dos servidores e se referindo às pobres professoras da rede pública passou de todos os limites aceitáveis, evidenciando a grave demonstração de preconceitos contra as profissionais. Diz o gestor público que, além de não terem trabalhado muito na pandemia, as docentes não conseguem redigir uma escrita coerente e não sabem verbalizar o que querem, sinalizando a ideia de que sequer mereceriam os cargos que ocupam.
Outra análise que dá margem a deduzir o seu desprezo pela classe trabalhadora em sua fala é dizer que a paralização foi culpa do Sindicato dos Servidores Públicos já que, ao seu ver, incitou e induziu os trabalhadores à greve e não os próprios envolvidos que se viram forçados a essa manifestação em virtude da inflação dos três últimos anos ter corroÃdo o seus já bem carcomidos salários e por suas dificuldades nas condições de trabalho.
Ora, outro ponto a ser considerado no implÃcito das palavras do administrador do municÃpio é a lógica: se o movimento grevista, a olho nu, mostrou-se majoritariamente feminino pela grande adesão da categoria da Educação no movimento, entende-se que é o mesmo que dizer que âmulheresâ não tem condições de decisão sobre os seus interesses! Isso demonstra que além de pouco sensÃvel aos prejuÃzos enfrentados pelos funcionários desta prefeitura, o gestor público incide no que passou a ser chamado de âdiscriminação estruturalâ, um preconceito arraigado culturalmente contra as mulheres.
Nessa situação, gostaria de deixar aqui um recado ao Sr. Luciano Almeida: Ser professora e servidora pública é empregar a sapiência com humildade e paciência, valendo-se da pedagogia do afeto e empatia com seus pupilos. Porém isso não significa necessariamente que precise aceitar passivamente insultos e agressões, quer seja, de um polÃtico de ocasião ou de quaisquer dos membros das comunidades em que trabalha, como já vem ocorrendo há algum tempo.
Márcia Scarpari De Giacomo - Professora do Ensino Fundamental 1 - Mestre em Educação - Unesp de Rio Claro
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